O Substituto #16670
Ontem começamos uma viagem assustadora pelos campos de
extermínio nazistas. Hoje veremos que, mesmo em meio aos horrores de Auschwitz,
o bem não foi completamente exterminado.
Após dar abrigo a mais de dois mil judeus, o benfeitor
Maximiliano Maria Kolbe foi preso e enviado ao temível acampamento de
Auschwitz. Em julho de 1941, um homem do mesmo bloco de Kolbe tentou fugir.
Como vingança, os nazistas escolheram dez presos para morrer de fome. Um deles
era Francisco Gajowniczek, que suplicou pela própria vida, alegando ter esposa
e filhos para cuidar. Tamanho desespero fez brotar em Kolbe a maior
demonstração de amor desinteressado por um estranho. Dando um passo à frente,
ele pediu para substituir o angustiado esposo e pai.
Os guardas friamente aceitaram a oferta. Após duas semanas
de privação completa, Kolbe ainda resistia com vida. Finalmente, os nazistas
decidiram pôr fim à vida dele com uma injeção de veneno. A morte de Kolbe deu
oportunidade a Francisco de sobreviver aos anos da guerra. Ele voltou para os
braços de sua família e viveu mais 53 anos, até morrer nessa data de hoje, no
ano 1995.
Confesso que chorei quando fiz esta viagem pela história.
Sabe qual é o verdadeiro significado da palavra “graça”? Significa receber, sem
merecer, algo que vale tanto quanto sua própria vida. O que levaria um homem a
morrer de fome no lugar de outro, cujo nome ele nem conhecia? E será que aquele
sobrevivente se esqueceu de agradecer, um único dia sequer, pelo milagre da
vida? Tenho certeza de que não. Dizem que, até o dia de sua morte, Francisco
não cessou de falar sobre o salvador que lhe deu mais cinco décadas de vida.